segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Lido & Releno: Salim Miguel e Rubem Fonseca

Terminei Nur na escuridão, de Salim Miguel. O romance conta a trajetória de sua família, que saiu do Líbano em busca de vida melhor nos Estados Unidos e, pelas artimanhas do destino, veio parar no Brasil. Gostei muito e me identifiquei. Minha família, embora não tenha vindo do exterior, foi meio nômade durante boa parte de minha infância e adolescência. Mudanças de cidade e de casa, readaptações e choques culturais, com todo o difícil aprendizado que envolvem, fizeram parte da vida do escritor (e da minha). Sua obra está impregnada de carinho pelos personagens que habitam a memória desses tempos. A narrativa do patriarca libanês, pai dele, é fragmentada, com lacunas, elipses, contradições e reiterações como costumam ser as boas histórias orais que prendem os ouvintes. Recomendo! (peguei emprestado na biblioteca Barca dos Livros, na Lagoa da Conceição). Ah, Felipe Lenhart publicou na revista Cult de julho um ótimo perfil de Salim Miguel. O escritor "líbano-biguaçuense", como ele gosta dizer, recebeu há pouco da Academia Brasileira de Letras o Prêmio Machado de Assis pelo conjunto da obra.

Também peguei na Barca dos Livros a excelente compilação 64 contos de Rubem Fonseca. Já havia lido praticamente todos, mas foi com prazer que pude voltar a algumas joias, como Passeio Noturno - parte I, A força humana, Feliz ano novo, O balão fantasma e O cobrador ("Estão me devendo comida, boceta, cobertor, sapato, casa, automóvel, relógio, dentes, estão me devendo"). Uma vez eu disse aqui que, quando crescesse, queria escrever que nem o cronista Rubem Braga. Posso dizer o mesmo sobre o contista Fonseca (como romancista, acho que tem altos e baixos). É um doutor na arte das histórias curtas, com domínio absoluto da linguagem e do ritmo. Seus temas, fascinantes e às vezes inverossímeis como a própria realidade, abordam os escaninhos nebulosos e violentos da alma humana nas grandes cidades. Invoco os itens 2, 3 e 4 dos direitos inalienáveis do leitor pra não repassar todas 799 páginas deste livro. Tenho folheado aleatoriamente suas delícias.

Publicado também em DVeras em Rede

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Depois de um tempo sem atualizar minhas leituras, voltei!
E vou contar um pouco dos que li: Melância -
Marian Keyes; Os Treze Cascaes - autores catarinenses; O Homem que Calculava - Malba Tahan ; O Físico - Noah Gordon
Uhh! Foram esses!
Vamos lá: Melancia, é um romance onde a personagem é super complicada e vive uma vida atordoada, cheia de altos e baixos. Inicia quando Clare, ainda na sala da maternidade, logo após ter sua primeira filha, é surpreendida pelo marido, quando esse diz que não quer mais continuar o casamento por que a traiu. É! Fugiu do padrão! (ah, este não cai no vestibular tá? ;P )
Os Treze Cascaes: Mas esse sim cai. É uma coletânea de contos produzidos por autores catarinenses em homenagem a Franklin Cascaes; Em suas obras Cascaes sempre privilegiou a cultura Açoriana, as 'bruxas bruxolicas', a ilha e seus mitos. E o livro, há treze contos, todos eles citam esses recursos particulares e incluem o senhor Franklin como personagem, e esta é a razão do nome.
O Homem que Calculava: esse eu adorei! Bem legal, bem criativo e com uma linguagem simples. Escrito por Malba Tahan - na verdade era pseudonimo, o nome do escritor era
Júlio César de Mello, professor de matematica- a novela que narra uma passagem da vida do 'homem que calculava' - Samir Beremiz- traz problemas matemáticos de pura lógica e muita interpretação, breve relatos da história da matemática, alusão a números cabalisticos e de quebra ainda te mostra um pouco da cultura àrabe.
O Físico: Bom! demorei, mais acabei. depois de ter parado algumas vezes. Bom livro, mesmo! Eu gostei. Narra a vida toda de Rob Cole que logo cedo viu sua vida desmoronar, quando seus pais morrem, seus irmãos são 'doados' e ele consegue um oficio como aprendiz de barbeiro-cirurgião; tendo sempre o sonho de se tornar um grande médico. E para isso, sai de londres, vai à Pérsia para aprender a profissão, finge ser judeu para que fosse aceito, realiza o sonho de se tornar um hakin -médico na pérsia-.. Chega, já contei demais! :)

E agora, to no 'Eles não usam Black tie - Gianfrancesco Guarnieri', e novidades: Saiu o 4º livro da série do Crepúsculo.

sábado, 20 de junho de 2009

Lendo: Guias de viagem

Já em ritmo de viagem, estou lendo os guias TimeOut. O Neto quem escolheu e estou gostando bastante, é publicado pelo estadão.



É escrito por pessoas que moram no local e dão dicas de lugares como se fosse a gente recebendo um amigo em casa e pensasse: onde é legal de levar? que restaurante eu gosto e indico? etc


Tem uma parte que conta um pouco da história do lugar, a evolução da arquitetura e da situação atual.



Compramos o de Londres e Paris, nosso hotel em Paris escolhemos nele, depois conto se foi boa a dica, mas parece muito legal. Há uma versão online http://www.guiatimeout.com/ que ajuda muito também!



Tem opções para vários bolsos, só senti falta de um pouco mais de fotos, mas mesmo assim recomendo.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Lendo: Zen e a arte da manutenção de motocicletas


Comecei a ler ontem este livro, que já estava estacionado na estante fazia tempos.

Ainda tou no começo da viagem, que envolve o autor e seu filho de 11 anos na garupa, acompanhados de um casal de amigos.

Tou gostando e nos próximos posts conto mais.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Brincadeira Mortal - Pedro Bandeira

Peguei esse livro na biblioteca da escola, ele é bom mas não tão bom como "A Droga da Obediência".



O livro conta sobre Fred, um garoto que tem uma imaginação muito fértil, ele vive imaginando que é o Fred Bond ou Indiana Fred. Mas um dia ele estava estudando para a prova de matemática, até que resolveu dar uma andada até um lugar conhecido como o Beco dos Ratos. La ele encontrou um cadáver.



No decorrer da história acontesse muita coisa, mas uma das coisas que eu mais gostei foi da liguagem, como o livro foi escrito em 1996 a liguagem é meio diferente, muitas vezes tive de consultar o dicionário.Minha nota é 7.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Lido & Lido: Millenium 2 e O silêncio da chuva

As leituras recentes são do gênero noir/policial: O silêncio da chuva, de Luiz Alfredo Garcia-Roza, e A menina que brincava com fogo, de Stieg Larssen. O primeiro é bem escrito, mas definitivamente não me fisgou. Achei os personagens rasos. É exatamente o oposto do que ocorre com os livros de Stieg Larssen, o sueco que escreveu a trilogia Millenium e morreu pouco antes de ver seus livros virarem best-sellers internacionais. Os protagonistas das histórias de Larsson são densos, complexos, contraditórios. Este segundo livro da série não chega a ser tão espetacular quanto o primeiro (Os homens que não amavam as mulheres, que já virou filme) e tem algumas cenas francamente inverossímeis, mas é daquele tipo de romance que prende a gente até a última página. O jornalista Mikael Blomkvist e a hacker Lisbeth Salander vivem mais uma vez uma aventura cheia de reviravoltas, em que ela é procurada pela polícia por triplo assassinato e ele tenta ajudá-la investigando pistas sobre uma quadrilha de tráfico de mulheres. E mais não conto, pra não tirar o prazer da sua leitura.
~
Agora resta aguardar a parte 3 de Millenium em português - e quem sabe a 4, que, segundo reportagem de Rue 59, foi hackeada do computador da viúva de Larssen.

sábado, 13 de junho de 2009

Zac Power medo no gelo



nesta aventura Zac nem de férias consegue sossegar ele está lá nem demora muito ja começa, desta vez ele vai numa missão se mete em milhares de enrrascadas, arranjar brigas é o que mais acontéce mas desta vez está mais dificil por que ele não tem o seu fiel SpyPad, o SpyPad era um mini computador,telefone,celular por satélide,jogo,laser e decodificador, eu indico esse livro!

ASSINADO: BIDU

Zac Power jogos da mente


nesta missão Zac vai a varios lugares, corre muitos riscos e se arrepende,ou seja tudo para ser uma verdadeira aventura se vocês lerem vão querer ler todos! Este livro é a edição numero três e eu estou no número seis eu indico esse livro de um jeito bom muito bom good!
ASSINADO:BIDU

Zac Power jogos da mente

Nesta...ah! você sabe, nesta aventura zac vai a uma missão de jogos e ele vai ter que prender uns caras chamados rackhers e salvar um sistema chamado WorldEye é um sistema que se eu esplicar vai demorar demais então é isso, por favor leiam, vocês não vão se arrepender!

Zac Power águas profundas


Neste capítulo Zac começa a história em um passeio da escola para o zoológico, depois, quando eles vão ver os tubarões no tanque dos tubarões os os nadadores os nadadores vão dar comida aos tubarões o que acontecera? Não percam!




ah! Antes que eu me esqueça leiam primeiro o Zac Power 1 {Ilha do veneno}
Assinado:BIDU

Diário de um Banana


Esse diário conta a estória de Greg, um garoto que está no ensino fundamental. Greg tem dois irmãos, um mais velho, Rodrick que tem uma banda chamada "Fräwda Xeia" que na verdade era para ser "Fralda Cheia" e ele também tem um irmão mais novo o Manny.Ele também tem um melhor amigo chamado Rowley.




Greg e Rowley só se metem em 'furadas', mas são 'furadas' bem engraçadas!






assinado: Corina



sexta-feira, 12 de junho de 2009

O Engenhoso Fidalgo Dom Quixote de La Mancha


Comecei a ler este livro porque minha professora deu para classe ler, nele conta todas as proesas engraçadas de Dom Quixote, no comesso me diverti muito principalmente na história dos moinhos, neste episódio Dom Quixote confunde moinhos de ventos com gigantes!

Mas depois eu comecei a achar que tinha perdido a graça principalmente no final.


assinado: Corina



Zac Power Ilha Do Veneno


Zac Power é um garoto de 12 anos que tem um trabalho muito anormal, este trabalho é ser um agente de investigação do governo(AIG).

Nesta aventura ele vai para uma ilha com seu irmão Leon, acontecem coisas inesperadas como irem de um local para o outro em poucos segundos; exemplo: de cavernas a lagos com muitas piranhas. Gostei muito desta aventura!


Assinado: Bidu




Droga de Americana




'Droga de Americana' é mais um livro que mostra o grupo Karas em ação, nesta aventura Magrí (uma integrante do grupo Karas, a mais atleta) é seqüestrada no lugar da filha do presidente dos Estados Unidos, Peggy. O seqüestro aconteceu numa exibição de ginastica olímpica do Colégio Elite, onde Magrí estuda.
Sobra então para Chumbinho, (o mais novo dos Karas) salvá-las; no decorrer da história há muita ação e no final rola até um romance.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Os homens que não amavam as mulheres

Mikael Blomkvist é jornalista de economia em Estocolmo, quarentão, coproprietário da revista Millenium e especialista em reportagens investigativas sobre crimes financeiros. Lisbeth Salander é uma punk de vinte e poucos anos, exímia hacker, que trabalha como araponga freelancer. Esses dois personagens são protagonistas do primeiro livro da trilogia Millenium, do sueco Stieg Larsson. Os homens que não amavam as mulheres (Companhia das Letras, 2008) é um romance de suspense de qualidade excepcional. Suas 522 páginas conduzem o leitor por uma trama de investigação do desaparecimento de uma adolescente, integrante de uma dinastia industrial sueca, ocorrido em 1966. A missão, que transforma os dois personagens em aliados, é desvendar uma intrincada rede de conexões que envolvem violência contra mulheres, lavagem de dinheiro, conflitos familiares e bizarrices sexuais.

Questões éticas do jornalismo investigativo associadas aos meandros dos crimes financeiros e das novas tecnologias estão na pauta do romance. O principal dilema enfrentado pelo protagonista é: até que ponto uma informação socialmente relevante deve ser levada a público, quando se sabe que essa revelação pode prejudicar a vida de muitas pessoas? Outra questão que ele enfrenta é sobre o uso de práticas ilegais pra levantar informações que vão embasar uma reportagem sobre um criminoso. Lamentavelmente, a trilogia não vai ter continuação. Larsson, um influente jornalista e ativista político sueco, morreu de ataque cardíaco em 2004 aos 50 anos, pouco depois de entregar os originais aos seus editores. A segunda parte da trilogia, A menina que brincava com fogo, foi lançada em português em abril.

domingo, 24 de maio de 2009

Lido & Leno: Single&Single e Bartleby e companhia

Single&Single não é dos meus livros favoritos de John Le Carré, mas prende do início ao fim. É um thriller de suspense sobre lealdade versus traição - tema recorrente na obra do escritor. Os cenários são a Inglaterra, a Turquia mediterrânea, a Rússia e a Geórgia. Sai de cena a guerra fria de seus primeiros romances, entra o crime organizado em tempos de desarticulação da União Soviética. Um escritório de advogados britânicos, especializado em lavar dinheiro, passa a fazer grandes negócios com parceiros da máfia georgiana, mas em certo momento as coisas desandam. Pontos altos pra densidade psicológica do protagonista, sócio do pai na firma que dá título ao livro, e pra verossimilhança da história. Ponto negativo pro ritmo desigual -tive a impressão que deu uma acelerada excessiva no fim. Se você ainda não conhece Le Carré, sugiro começar por O espião que saiu do frio ou O jardineiro fiel. Mas se já conheceu e gostou, recomendo. O homem domina o ofício.
~
Comecei a ler Bartleby e companhia, de Enrique Vila-Matas. É sobre a impossibilidade de escrever, com muitas histórias curiosas sobre pessoas que escreveram um ou dois livros - ou nenhum, apesar da vontade ou vocação - e se afastaram pra sempre da literatura. Melville, Rimbaud, Salinger, Rulfo e muitos outros. Depois escrevo sobre o livro... se conseguir.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Os direitos inalienáveis do leitor

O prazer da leitura é um tema que me interessa muito. E devia interessar também a todos os pais e professores, que, muitas vezes, na maior das boas intenções, terminam criando aversão nos filhos/estudantes ao obrigá-los a certas coisas, como ler O Guarani sem preparação e estímulo prévios. A propósito, encontrei essa lista bacana e divido com vocês: Os direitos inalienáveis do leitor, por Daniel Pennac, em "Como um Romance" (citado em Peciscas, onde cheguei pela dica de Lady Rasta). Comentei abaixo de cada tópico.

1 - O direito de não ler
Não li Ulysses nem O monge o e executivo. Nem a maioria dos livros escritos pela humanidade, aliás. Minhas Mil e uma noites não chegam a um trimestre.

2 - O direito de saltar páginas
Gosto de abrir um livro novo pelo meio e bisuiar umas linhas antes de começar pelo começo. Amei Rayuela, do maluco do Cortázar.

3 - O direito de não acabar um livro
Pode me xingar, mas parei no primeiro capítulo de Os Sertões, de Euclides da Cunha. Dizem que a partir do segundo a coisa engrena.

4 - O direito de reler
Releituras recentes: Os vagabundos iluminados (Kerouac), Sagarana (Guimarães Rosa), Cai o pano (Agatha Christie).

5 - O direito de ler não importa o quê
Bula de remédio, rótulo de caixas de sucrilhos, Tex, pulp fiction...

6 - O direito de amar os "heróis" dos romances
Larry de O fio da navalha (Somerset Maughan); Bandini, de Pergunte ao pó (John Fante); Tarzan, de E. R. Burroughs; Huckleberry Finn, de Mark Twain.

7 - O direito de ler não importa onde
No ônibus; na praia; comendo (se tou sozinho) e descomendo. Meu lugar preferido é a rede embaixo das árvores. E um dos mais desconfortáveis é a tela do computador.

8 - O direito de saltar de livro em livro
8b: e o direito de espalhar livros não lidos pela casa toda, pra esbarrar neles por acaso.

9 - O direito de ler em voz alta
Pros meninos antes de dormir. Monteiro Lobato em voz alta é uma delícia. Imito as vozes de Emília, do Visconde, de Pedrinho, de Dona Benta...

10-O direito de não falar do que se leu.
Comentar livro erótico é que nem sair contando como foi a transa.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Bartleby e companhia - Enrique Vila-Matas


Quem nunca se viu paralisado diante de uma folha em branco? Pois é este o assunto de Bartleby e companhia, do escritor espanhol Enrique Vila-Matas. O autor compõe um inventário de escritores que, por alguma razão, um dia se afastaram da literatura. Escritores que um dia publicaram livros muito bem sucedidos e depois nunca mais escreveram nada. Ou escritores que passaram longos períodos em silêncio. Ou aqueles que, mesmo com uma consciência literária exigente, nunca chegaram a escrever. É a chamada Síndrome de Bartleby, ou labirinto do Não.

O livro é narrado por um personagem que também sofre desse problema. E para combatê-lo, começa a pesquisar esses casos, formando uma coleção de notas de rodapé de um livro inexistente.

Aí entram os casos de Juan Rulfo, Salinger, Rimbaud, Herman Melville, Marcel Duschamp e muitos outros, personagens reais ou inventados. Um dos mais divertidos é Paranóico Pérez, que nunca escreveu um livro por sempre acreditar que suas idéias eram roubadas por José Saramago.

Recomendo muito este livro, pelo tema interessante e pela forma fragmentada, intercalando casos curiosos com análises mais densas. Peguei emprestado na Barca dos Livros e amanhã já deve estar de volta por lá.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Retrato do artista quando jovem - James Joyce


Mês passado li Retrato do artista quando jovem, primeiro romance do escritor irlandês James Joyce, publicado em 1916.

Mostra a infância, adolescência e juventude de Stephen Dedalus, alter-ego do autor. O interessante do livro é mostrar este crescimento através da evolução na linguagem do personagem, que no começo é mais simples e vai ganhando complexidade conforme ele vai crescendo.

Mas o tempo todo são retratados temas complexos, como a separação da família ainda criança para viver num colégio interno, a convivência com colegas e padres, a percepção das diferenças sociais e da instabilidade econômica da sua famíilia. Em uma boa parte do livro o autor expõe seu ponto de vista sobre os dogmas da igreja católica (ele foi convidado a entrar para o sacerdócio), a descoberta do sexo e da noção de culpa e pecado, as limitações da vida na Irlanda e suas teorias sobre estética.

Stephen Dedalus aparece novamente em outra obra de James Joyce, o grande romance Ulisses. Bom, este foi um resumo rápido. Para uma resenha mais completa e aprofundada, recomendo esta aqui.

terça-feira, 12 de maio de 2009

Noites Tropicais

Devorei, com nove anos de atraso, Noites Tropicais, de Nelson Motta (Objetiva, 2000). É uma espécie de autobiografia dele misturada com a da música brasileira, dos anos 60 ao final dos 90. Jornalista e letrista, Motta teve o privilégio de conviver com os artistas mais representativos da história recente do Brasil, desde a bossa nova (é amigo de longa data de João Gilberto) à Jovem Guarda (Erasmo, Roberto...), MPB (Caetano, Gil, Chico, Elis - de quem foi namorado -, Tim Maia, Raul...), discoteca, rock, passando pelo cinema novo (era muito amigo de Glauber Rocha) e artes plásticas (Hélio Oiticica).

Pelas páginas do livro surgem histórias dos bastidores dos festivais de música, gravações de discos e programas de tevê, sexo e drogas, o reflexo cotidiano das oscilações da política e da economia, altos e baixos de artistas que nos acostumamos a ouvir nas rádios esses anos todos. Nelson Motta foi observador participante de uma fase riquíssima da música brasileira, que influenciou fortemente a música americana e de outros países. Ele conta isso tudo de maneira simples e engraçada, como uma conversa informal.

Até hoje numa ouvi um audio-book, mas tenho certeza que este é o livro ideal (e já tem audiobook pra curtir a experiência sinestésica de acompanhar essas histórias ouvindo as músicas que ele cita. Noites Tropicais é uma viagem no tempo: muitas dessas músicas foram trilhas sonoras da minha infância, adolescência e início da vida de adulto. Alguns trechos que pesquei no site da Objetiva:

CHICO

"Algum tempo depois o amigo paulista de Edu apareceu, tímido e simpático, numa roda de violão na praia. Pediu o violão para mostrar umas coisinhas. Tocou algumas músicas e as meninas estavam adorando. Mas quando ele disse que teria uma música sua gravada pela Claudete Soares achei que era pura cascata (ou "bafo" como se dizia na época). Imaginem se a grande Claudete Soares iria gravar a marchinha de um inédito. E paulista! Ele cantou "Marcha de uma Manhã de Sol" e assim que terminou, pedi licença e tomei-lhe o violão - que era meu - e comecei meu showzinho.

Foi assim que conheci Chico Buarque."

ATRÁS DA PORTA

"Extravasando seus sentimentos, misturando as dores da separação com as esperanças de um novo amor, Elis cantou, mesmo sem a segunda parte da letra, com extraordinária emoção, com a voz tremendo e intensa musicalidade. Na técnica, quando ela terminou, estavam todos mudos. Elis chorava abraçada por César. Juntos, César e Menescal foram levar a fita para Chico, que ouviu, chorou, e terminou a letra ali mesmo, no ato."

PASSEATA

"Na passeata dos cem mil Chico e eu éramos do mesmo grupo, com Jards Macalé, Edu Lobo, Zé Rodrix, Mauricio Maestro e outros, e nosso ponto de encontro era na escadaria da Biblioteca Nacional, na Cinelândia. Chegamos quase juntos, olhando para os lados, disfarçando, dando bandeira. Como ainda faltava bastante tempo para a hora marcada para a passeata decidiu-se por unanimidade ir ao Bar Luiz, na Rua da Carioca, tomar um chope para aliviar a tensão. Voltamos a tempo ao ponto, mas mais tensos ainda: eu tinha medo de apanhar da polícia, de levar um tiro, de ser preso, e não ousava imaginar que íamos viver um dia de glória."

terça-feira, 5 de maio de 2009


Depois de um tempão, estou postando denovo! Dessa vez li um dos livros da literatura cararinense solicitados pela UFSC: A Vitrina de Luzbel - A. Sanford de Vasconcellos. Gostei do livro, intrigante de leitura rápida. Um romance policial curto que conta a história de Lupércio, Babão, suas malandragens e mulecagens que logo depois implicaram em um suposto envolvimento no caso do assassinato de duas moças. E aí que a historia fica interessante! Em todo caso, o livro é legal porém muito simples, bem 'água com açucar'. NOTA: 6.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Nova biblioteca em Floripa

Boa notícia pra Floripa: o Sesc da Prainha abriu uma biblioteca com computadores novos conectados à internet banda larga, jornais e revistas, seção infantil e, o mais importante, acervo de qualidade. Ela é relativamente pequena, mas moderna e climatizada. Numa passada rápida pelas estantes, vi que poderia passar um bom par de anos mergulhado ali dentro antes de terminar a leitura das obras que me interessaram. Já estou de olho nuns livros de Nelson Rodrigues, Isabel Allende, José Saramago e Stephen King. No item conforto, seria muito legal se houvesse uns pufes e almofadões pelos cantos, mas já tá de bom tamanho pra começar.

A Bilica - Biblioteca Livre do Campeche - e a Barca dos Livros, na Lagoa da Conceição, são outros dois belos espaços públicos que lutam pra sobreviver na base do voluntariado e mecenato, em meio à indigência cultural a que os catarinenses são submetidos pelo poder público. Se você tiver livros parados em casa e quiser fazer a boa ação do dia, dê uma passadinha nesses lugares, aproveite o ambiente e faça sua doação. A Bilica fica na avenida Campeche, ao lado da videolocadora Bela Arte, esquina em frente ao Ateliê da Arteira, um pouco depois do mercado Dezimas no sentido Campeche-Lagoa, à mão esquerda. A Barca dos Livros está no centrinho da Lagoa, perto do ancoradouro de barcos. Em breve o café do térreo vai reabrir com delícias da culinária mineira.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Lendo: Categorias de Aristóteles

Ultimamente todas as leituras que tenho feito estão ligadas a um curso de metafísica e ética que estou fazendo. Estes tópicos são introdutórios para o curso sobre a Suma Teológica de São Tomás de Aquino. Estou adorando o curso! O professor, Antonio Donato, nos deu uma apostila que é a base do curso, além disso ele nos envia semanalmente textos variados, capítulos da história da filosofia e sugestões de leituras complementares, dentre elas as 'Categorias' de Aristóteles, embora pequeno no tamanho é um livro muito importante e enigmático. Estou longe de entender, mas continuo tentando, segundo meu professor alguns textos filosóficos necessitam meses, as vezes anos para o entendimento, por isso é preciso começar um dia...
Ainda não me arrisco a comentá-lo, fica só o registro.
Beijo a todos!

Liga, roda, clica


Fazia um tempinho que eu não lia nada muito acadêmico e em fevereiro peguei para ler o livro Liga, roda, clica, organizado pelas amigas Gilka Girardello e Monica Fantim.

São 12 artigos que tratam das relações entre a criança e as novas tecnologias. O que me chamou atenção foi:

- Estação Memória: projeto interessante em SP, em que em entrevistas idosos contam a história do bairro e de sua infância, compartilhando com as novas gerações.

- Como todos nós, os educadores estão um pouco perplexos e não sabem direito o que fazer e como entender sobre a relação das crianças com o computador.

- Fiquei um pouco perturbada com a declaração da Bebel de que a escola, que antes era o espaço do saber, luta para se manter como um espaço de relevância.

- Gilka nos lembra que os games violentos e muito realistas não ajudam a estimular a imaginação.

- Em um artigo sobre como as crianças retratam o corpo, Ingrid conta de uma menina que tinha fixação em se manter magra. Detalhe: a menina não era gorda e tinha apenas 5 anos.

O livro não se propõe a oferecer respostas prontas. Não é nada do tipo o que fazer, como fazer. Mas vez ou outra dá para pescar recados interessantes, do tipo: mediar a relação das crianças com a tecnologia é uma tarefa de todos - da escola, da família, de todos nós. Para isso, é preciso que a gente mesmo comece a usar e descobrir coisas legais. Outro recado: vale muito a pena procurar experiências off-line, que ampliem cada vez mais a diversidade cultural das crianças.

Para finalizar, aí vai um vídeo bem bacana do TED "Escolas matam a criatividade?":



sexta-feira, 17 de abril de 2009

Onde se passam as narrativas

Novidade! O Leiturama agora é georreferenciado. Ideia da Laura. Na coluna aí do lado incluímos um mapa onde estão indicados os lugares em que se passam as histórias contadas nos livros que lemos e/ou onde eles foram escritos. Enviei convite a alguns de vocês, coautores do blog, pra que possam completar os pontos que já colocamos e escrever uma ou duas linhas sobre eles. Uma vez por ano, vamos sortear um(a) leitor(a) e enviar a pessoa até o seu lugar preferido - nem que seja só na imaginação, hihihihi...

domingo, 5 de abril de 2009

A chave do tamanho

A chave do tamanho é um livro de Monteiro Lobato. Nessa história, Emília visita a Casa das Chaves. Ela queria desligar a chave da guerra - porque era na época da Segunda Guerra Mundial -, mas desligou por engano a chave que regula o tamanho das pessoas. Todos os humanos encolheram e o mundo ficou perigoso. Muitos morreram comidos por gatos, passarinhos, cachorros ou sufocados pelas próprias roupas. Um gato comeu os pais do Juquinha e da Candoca, vizinhos do Sítio do Picapau Amarelo.

Emília contou pra eles que os pais tinham ido pra "papolândia", onde moravam os papapopos dos popos. A papolândia era um lugar bem quentinho, que nem cama. Era um tipo de colo.

Emília pegou um espinho e usou como arma. Ela matou uma aranha e teve sua primeira vitória. Depois, quando tava chovendo, ela entrou num buraco e tinha uma aranha de olhos vermelhos. Emília dormiu e sonhou que dona Benta tava montando numa taturana e disse 'Um ladrão roubou meu tamanho'.

Depois Emília viajou o mundo num sítio montado na cartola do Visconde. Tinha besouros, cogumelos, uma hortinha, uns bancos de queijo. Tinha garrafinhas de suco com os gominhos de laranja. E também gema de ovo pra eles comerem. O ovo ela achou num ninho de beija-flor, quando o passarinho pegou ela, Juquinha e Candoca.

Eles encontraram uma cidade dentro do balde, e as pessoas comiam minhocas. O Visconde era um gigante e ajudou as pessoas a colar um vidro no teto do balde e a fazer os trabalhos difíceis. Eles voavam com os besouros. Usavam algodão pra fazer as tangas, molhando com clara de ovo. E papel de jornal pra fazer cimento, molhando um pouquinho com água.

Minha nota pra este livro é 4 estrelas.

Texto de Miguel com a colaboração de Dauro

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Flush

Depois de mais de um ano que peguei emprestado da amiga cachorreira Ana Paula Lückman, finalmente terminei de ler Flush - Memórias de um cão. Esse livro, escrito meio que como divertimento por Virginia Woolf (1882-1941), tornou-se um dos maiores sucessos de público da escritora britânica. É a biografia ficcional de um cocker spaniel pertencente à poeta inglesa Elisabeth Barret Browning. Conta desde a infância dele em Londres até a maturidade e velhice na colorida Itália, pra onde a poeta se mudou com o marido.

Um dos méritos do romance é que ele descreve de maneira bastante vívida os costumes do período vitoriano inglês - e, em contraste com o luxo dos casarões, as condições de indigência dos bairros periféricos de Londres de meados do século 19. Confesso que gostei mais de Niki - a história de um cão, do húngaro Tibor Déry. Mas Flush tem o seu valor e me ajudou a estudar a narrativa pelo ponto de vista não-antropocêntrico, num momento em que eu me dedicava a escrever um roteiro de um documentário suinocêntrico. Acho que os cachorreiros vão gostar.

p.s.: Dos livros "sobre animais" que já li, o mais tocante, disparado, é Vidas Secas, de Graciliano Ramos. Os últimos momentos da cachorra Baleia são inesquecíveis.

sexta-feira, 27 de março de 2009

Lendo Lennon

Aos poucos vou saboreando as pitorescas histórias do ídolo Lennon na considerada “Biografia definitiva de John Lennon - escrita com base em extensa pesquisa e em documentos e depoimentos inéditos de Yoko Ono, Sean Lennon e Paul McCartney”... ainda estou no início das 800 e tantas páginas do livro John Lennon- A Vida, de Philip Norman, mas já estou adorando as histórias e relatos de fatos curiosos da sua família e infância marcada pela guerra e a ausência do pai, na Liverpool da década de 40.
A leitura deste livro me despertou também a saudade de tocar violão, resultado tirei a poeira do meu velho violão e graça ao “cifra club” todo fim de tarde arranho umas baladas :D

Lao Wai

A jornalista Sônia Bridi, que atualmente é correspondente da Rede Globo em Paris (e foi minha colega no curso de jornalismo da UFSC em Floripa), conta em Lao Wai (Estrangeiro) sua experiência de viver dois anos na China. Ela, o marido cinegrafista Paulo Zero e o filho Pedrinho, na época com três anos, enfrentaram um gigantesco choque cultural ao se mudarem de mala e cuia pra implantar uma sucursal da Globo nesse país de tradições milenares, fascinante e cheio de contradições.

Sônia é uma narradora de mão cheia, dona de um texto fluido e bem humorado. Atenta aos detalhes e com um ponto de vista bem feminino-brasileiro, ela vai revelando como é o cotidiano desse país emergente, que cresce a taxas médias de 10% ao ano e caminha rápido pra se tornar a maior economia do planeta.

A burocracia, a censura, o curioso "comunismo de mercado", o carinho dos chineses pelas crianças e seu apreço pela educação, a medicina tradicional, a decoração kitsh na casa dos novos-ricos, a poluição, as antigas tradições que estão se perdendo nas vilas do interior... É extensa a lista de assuntos que a jornalista aborda neste livro delicioso, que pode ser lido tanto como diário de viagem quanto como uma verdadeira aula de geografia globalizada. Belíssimo livro, com linguagem coloquial e narrativa bem urdida, gostosa de ler. Vale cada página.

sábado, 21 de março de 2009

O gênio do crime

Essa hitória conta de um caso que se passa em São Paulo.O caso é :tem uma fábrica clandestina que vende figurinhas falsas de um album de futebol,o dono da fábrica verdadeira chama o Pituca,Edmundo e Bolachão, crianças do 5º ano A e B.
Para investigar melhor eles acabam saindo de casa dizendo que vão para uma excursão e acabam acampando perto de um rio. Ao longo da história o detetive Mister John é contratado para ajudar no caso. Mister John é o "detetive invicto'' pois ele sempre consegue decifrar todos os casos.

Lido: Livros de filosofia...

Após longo período sem posts, não por falta de leitura, mas por falta de tempo, coloco aqui um resumo do que li nestes últmos dois meses. Da coleção 'A obra prima de cada autor' da Martin Claret li 'Banquete' , 'Apologia a Sócrates' de Platão e textos de Arthur Schopenhauer, 'Da morte', 'Metafísica do amor', 'Do sofrimento do mundo'.

Li ainda 'A Filosofia' e 'Apresentação da Filosofia' de André Comte-Sponville, o conteúdo destes dois livros são bem parecidos, a diferença é a forma. Em 'A Filosofia' o autor passa pela hitória, domínio e correntes da filosofia de uma forma resumida, citando principais filósofos e suas teorias. Já no livro 'Apresentação da Filosofia' o autor discorre sobre temas como a moral, a política, o amor, a morte, Deus, o ateismo entre outros. É também super-hiper resumido, mas ele destaca as principais idéias e filósofos de cada tema, servindo de referência para um aprofundamento posterior. Tem uma linguagem simples e foi feita pensando nos adolescentes, embora agrade muitos adultos, como diz o próprio autor.

quarta-feira, 18 de março de 2009

Travessuras da menina má

Terminei de ler - ou melhor, devorei - Travessuras da menina má, de Mario Vargas Llosa. Lindíssimo e triste também. É a história de um tradutor peruano apaixonado desde a adolescência por uma mulher. Mas eles são muito diferentes. Enquanto Ricardo é romântico e se satisfaz em levar uma vida tranquila na capital francesa como intérprete da Unesco, a mulher - que tem vários nomes - é ambiciosa, quer a todo custo sair da pobreza se casando com homens de dinheiro. Os anos vão passando e os dois se encontram em várias ocasiões, em diversas cidades do mundo - primeiro em Lima, depois Paris, Londres, Tóquio, Madri... A relação entre eles é estranha e dolorida porque ela o faz de gato e sapato, mas ele continua cada vez mais apaixonado.

Pelo caminho, o narrador - que conta a história em primeira pessoa, de forma linear - vai entremeando relatos sobre os momentos históricos que viveu, como os anos revolucionários em Paris nos anos 60, a swinging London dos hippies nos 70, a Madri em efervescência política da redemocratização dos anos 80. Também passam pela história alguns grandes amigos dele e breves relatos das mudanças no Peru: golpes de estado, terrorismo do Sendero Luminoso, urbanização e favelização das grandes cidades. É uma história tocante sobre encontros e desencontros, sobre solidão, sonhos e buscas existenciais. Dos romances de Vargas Llosa que li até agora (os outros são Conversa na Catedral e Quem matou Palomino Molero?), achei o melhor.

segunda-feira, 9 de março de 2009

O Morro dos Ventos Uivantes

Terminei de reler esta semana O Morro dos Ventos Uivantes (Wuthering Heights), de Emily Brontë.

A história se passa em uma região isolada do interior da Inglaterra. Conta a trajetória de duas gerações das famílias Earnshaw e Linton que, com a chegada inesperada de um menino chamado Heathcliff, passa a ter seu destino marcado por amor, ódio, ciúme, ressentimentos. Mostra a impossível conciliação entre o "selvagem" e o "civilizado", a dificuldade de aceitação e a força do amor entre Heathcliff e Cathy, um amor que atravessa o tempo e desafia até a morte.

A autora Emily Brontë nasceu em 1818 e viveu somente 30 anos. Esta foi sua principal obra, que foi adaptada várias vezes para o cinema, foi uma das primeiras novelas da TV brasileira e mais recentemente foi bastante citada no livro Eclipse, da Stephenie Meyer.

Inspirou também uma musica que foi um su-ce-sso-sso do final dos anos 70, na voz de Kate Bush - os mais velinhos certamente vão se lembrar. E os mais novinhos, por favor, não se assustem!



E pra quem quer levantar os bracinhos e cantar junto, aí vai a letra:
http://www.metrolyrics.com/wuthering-heights-lyrics-kate-bush.html

quarta-feira, 4 de março de 2009

Trava-Língua



"o quero-quero quer
pro quati
o que o quati
quer pra ti."

do livro que o João trouxe da biblioteca da escola:
Quem lê com pressa tropeça - de Elias José

E você conhec
e outros trava-línguas?
compartilhe aqui!

Ana



sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Sua resposta vale um bilhão

Terminei ontem Sua resposta vale um bilhão, de Vikas Swarup (Companhia das Letras, 2006), que foi transformado em filme ganhador de vários Oscars. É a história de um garçom indiano de 18 anos que ganhou um bilhão de rúpias num concurso de perguntas e respostas da televisão. Os organizadores não têm dinheiro pra pagar o prêmio e querem desmarcará-lo por fraude. Ele é preso e começa a ser torturado na delegacia de polícia, mas encontra uma oportunidade de se safar.

A estrutura da narrativa é parecida com o de As mil e uma noites: o garçom começa a contar sua história pra advogada de defesa e vai explicando, uma a uma, como aprendeu as respostas pra todas as perguntas. Não chega a ser um livro extraordinário como O Deus das pequenas coisas, de Arundathi Roy (que em 1977 ganhou o Booker Prize, o mais importante prêmio literário de língua inglesa), mas é bem escrito. Mostra os contrastes terríveis entre riqueza e miséria na Índia, uma imagem bem mais real que a do país mitificado por tanta gente.

As aventuras de Ram Mohammad Thomas, que cresceu numa favela de Mumbai, prendem a gente da primeira à última página. Pelo caminho vamos conhecendo personagens incríveis, como o coronel australiano que é diplomata e espião; uma atriz de cinema aposentada vivendo das lembranças passado; um gângster que explora crianças pra mendigarem nos trens; um velho soldado e suas lembranças de guerra; um bêbado cheio de remorsos pelo que fez ao irmão; um padre inglês que tem um segredo; um rapaz gentil com problemas de fala...

Gostei bastante e devorei em três dias, pulando outros livros que estavam na fila.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Eclipse :)


Aaah, posso postar depois de um mês que li o livro, não posso?
Para quem se apaixonou em Crepúsculo e depois se decepcionou com Lua Nova...

...Seus problemas A-Ca-Ba-Ram!!
Chegou o Eclipse! A salvaçããão! sinceramente, bem mais legal..
Neste livro, Bella conhece mais a tribo de seu melhor amigo (Jacob), novas coisas acontecem e a história aaanda.. anda mais do que no livro Lua Nova.. Sem Duvidas!!

Para leitores de Floripa, entre em contato com a mila, ela tem
ee leitores de Rolim, falar comigo, eu tenho!

Lado esquerdo

Lembram desse? Um dos últimos desenhos que fiz, acho que usando o lado esquerdo, só que não do cérebro e sim do peito, naqueles dias de espera e esperança em Cáceres.
Ontem 25/02 seria seu aniversário... eita saudade.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

A política do rebelde

Mais uma resenha do fundo do baú:

A política do rebelde - tratado de resistência e insubmissão

(Michel Onfray)

A veia anarquista que originou A política do rebelde lhe surgiu na infância, conta o filósofo francês Michel Onfray. Sua experiência de humilhações em um colégio interno e, na adolescência, o trabalho insalubre numa fábrica de queijos forjaram-lhe um visceral espírito libertário: "A autoridade me é insuportável, a dependência, intolerável, a submissão, impossível", deixa claro no início do livro. Seu texto celebra a busca do prazer como filosofia de combate. Uma filosofia pela plenitude da vida, contrária à armadilha do ascetismo e atenta ao fato de que tudo irá desaparecer.

Onfray constrói os argumentos num diálogo permanente com outros pensadores insubmissos: Nietzsche, Proudhon, Thoureau, Bataille, Foucault, Deleuze, Blanquis. Das obras de Primo Levi, Amery e Antelme sobre o horror nazista, o autor resgata uma constatação crua: não existe diferença de natureza entre os campos de concentração e as "catedrais de dor" administradas pelo capitalismo – indústrias, empresas, prisões, hospitais psiquiátricos. Em graus diversos, há o mesmo desprezo pelo indivíduo.

É em defesa de um individualismo autônomo, solidário, que Onfray elabora sua política hedonista, libertina e libertária. Adepto da retomada dos ideais de maio de 68, ele advoga um "reencantamento do mundo". Para que isso ocorra, crê que é fundamental submeter o econômico ao político, mas também colocar o político a serviço da ética. Sua proposição destaca a cultura crítica, a cólera como dinâmica e o ódio à "moral do sofrimento", que faz do trabalho um valor absoluto e falsamente emancipatório.

Um dos pontos tocantes da obra é o capítulo Cartografia infernal da miséria, em que Onfray revela compaixão pelos despossuídos. Ele toma emprestado referências de Leviatã de Thomas Hobbes e da Divina comédia de Dante para traçar um mapa do inferno contemporâneo, dividido em três círculos de fronteiras tênues. O mais periférico é o dos malditos – indigentes que nada têm além de si próprios. Em seguida vem o círculo dos reprovados – velhos, loucos, doentes, delinqüentes, imigrantes clandestinos. E por fim o dos explorados - espoliados nos locais de trabalho, dentro da legalidade da sua existência.

Como pulverizar a autoridade e destruir o conformismo? O autor reconhece que a ação individual isolada tem eficiência limitada, pois "leva sistematicamente para a boca do lobo". Ele aposta na associação de forças individuais de rebeldia, armadas de pensamento crítico para fazer suas barricadas metafóricas contra os donos do poder. "Mesmo que a probabilidade de uma vitória geral seja nula e impensável", admite. Concorde-se ou não com as idéias do filósofo, ler as provocações de A política do rebelde é como receber um sopro de ar fresco. Impossível ficar indiferente.

Publicado originalmente em 2001 no web site da Editora Rocco.

Desenho no Leiturama?


Semana passada, depois de um tempão de promessas, eu e a tia Laura, começamos nosso curso de desenho. 'Desenhe com o lado direito do cérebro'. Inicialmente a intenção era virarmos uns 'bichos' no desenho, só que ampliamos nossa visão, e agora queremos virar uns 'monstros', já que gostamos tanto a ponto de querer estender o intensivão de desenho. Na primeira aula nós fizemos nossos autos-retratos, o meu ficou uma bela porcaria (tudo bem, vou tentar ser menos auto-crítica) mas o da tia eu gostei mesmo achando que ela está com cara de Alanis Morissette. Umas horas nós nos perguntavamos: Será mesmo que temos lado direito? Vai que a gente nasceu sem né!
Mas acho que tudo realmente é possivel de se aprender, mas claro, nenhum artista se forma sem pratica. Falta mais 3 aulas, espero que cumpra nossas espectativas 'monstruosas'. Que que vocês acham?
Ah, a imagem do ladinho eu fiz de uma foto da Mandú, parei no orkut dela, aí do nada peguei a prancheta e comecei a copiar, com a borracha do lado é claro... mas, saiu! Eu gostei dele, por que até semana passada seria 'quase' impossível.

Bruce Lee

Até semana passada, nunca tinha visto nenhum filme do Bruce Lee. Não sabia nada sobre a sua obra. Mas sempre tive curiosidade a respeito deste grande mestre das artes marciais. Pois em janeiro li a biografia Bruce Lee – Definitivo.

É bem interessante. O livro se parece mais com uma revista – muitas fotos e texto bem fluido. Apresenta os diferentes momentos da vida de Bruce Lee, desde o seu nascimento nos Estados Unidos, sua infância em Hong Kong, suas decepções e conquistas no cinema até a sua morte precoce, quando tinha apenas 32 anos. Aí vão alguns fatos interessantes:

- Bruce Lee foi uma criança baderneira, tanto que tocou fogo na despensa de sua casa – nessa época ganhou o apelido de Pequeno Dragão.
- Na adolescência, formou gangues para brigar – e apanhar muito – nas ruas de Hong Kong.
- Foi nas aulas de artes marciais que ele aprendeu a neutralizar a energia e força do oponente.
- Aos 14 anos era um exímio dançarino de cha-cha-cha – tanto que venceu um concurso nacional.
- Aos 18 anos, mudou-se para os EUA, levando apenas 115 dólares no bolso.
- Nos EUA estudou filosofia, montou uma academia de kung fu, teve alunos como Steve McQueen, Lee Marvin, Roman Polanski e Chuck Norris.
- Até hoje sua obra serve como fonte de inspiração para cineastas como Quentin Tarantino (que lhe presta uma homenagem nos filmes Kill Bill).

Gostei de ler este livro. Agora, estou começando a conhecer os filmes do Bruce Lee e aprendendo a admirar a beleza das artes marciais.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

As consolações da filosofia

Escrevi este texto em 2001 quando fazia frilas para a Rocco no Rio de Janeiro. É uma resenha que acompanha o livro distribuído pela editora à imprensa. Adorei.

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As consolações da filosofia

Este livro de Alain de Botton sugere que a filosofia pode oferecer consolação para muitas mazelas humanas. A partir das idéias de seis filósofos - Sócrates, Epicuro, Sêneca, Montaigne, Schopenhauer e Nietzsche - ele apresenta exemplos de consolação para a impopularidade, não ter dinheiro suficiente, frustração, inadequação, coração partido e dificuldades.

O estilo é bem-humorado, às vezes confessional, com capítulos curtos e muitas ilustrações. Ao combinar uma introdução à filosofia com uma paródia de manual de auto-ajuda, o autor garante momentos de leitura instrutiva e divertida. Em Consolação para a impopularidade, a vida e a morte de Sócrates são apresentadas como um convite ao ceticismo inteligente. O método socrático de raciocínio coloca à prova o senso comum e estimula o desenvolvimento de opiniões autônomas. Sob determinadas circunstâncias, advogava o filósofo grego, é preciso ter força para não levar a sério as opiniões alheias.

Epicuro e sua filosofia da busca de felicidade pelo prazer são um alento para quem tem pouco dinheiro. Segundo o epicurismo, a felicidade é relativamente independente dos bens materiais. Os ingredientes essenciais para uma vida agradável são a amizade, a liberdade e a reflexão serena sobre as principais fontes de ansiedade - morte, doença, fome, superstição.

Consolação para a frustração aborda a vida de Sêneca, cuja obra é permeada por uma única tese: a de que suportamos melhor as frustrações para as quais nos preparamos e somos atingidos principalmente por aquelas que menos esperamos. O filósofo romano propôs que se tenha sempre em mente a possibilidade de uma tragédia e que não se deve surpreender com nada: "O que não pode ser modificado precisa ser suportado".

As idéias de Michel de Montaigne servem de conforto para quem sente inadequação sexual, cultural ou intelectual. O escritor francês alimentava reservas quanto à erudição livresca, questionava a racionalidade humana e defendia o diálogo franco sobre as atividades genitais. Em Ensaios, comentou o comportamento de seu pênis e intestinos, considerados partes essenciais de sua identidade. Montaigne passou dezessete meses percorrendo a Europa a cavalo, o que o ajudou a comparar diferentes conceitos de normalidade. O leitor é convidado por ele a substituir os preconceitos locais pela identidade de cidadão do mundo.

As atribulações amorosas são tratadas em Consolação para um coração partido a partir dos escritos de Schopenhauer. O filósofo alemão afirmava que os atos humanos são governados pela "vontade de viver", um impulso inerente a permanecer vivo e reproduzir. O amor nada mais seria que a manifestação da descoberta do pai ou mãe ideal para uma prole inteligente e bonita. Assim, o consolo para a rejeição amorosa é saber que esta foi conseqüência de uma lei da natureza.

Consolação para as dificuldades resgata as idéias de Friedrich Nietzsche, para quem é impossível atingir uma vida plena sem passar por grandes períodos de dificuldade. Nietzsche utilizava uma analogia com a jardinagem para ressaltar a importância da valorização dos elementos negativos da vida humana: "Se fôssemos ao menos terrenos férteis, não permitiríamos que nada se tornasse inútil e veríamos em cada acontecimento, em cada coisa e em cada homem um adubo bem-vindo".

Alain de Botton nasceu na Suíça e se formou em filosofia na Universidade de Cambridge, na Inglaterra. Seu romance de estréia, Ensaios de amor, foi escrito aos 21 anos e suas obras foram traduzidas para vinte línguas. Atualmente vive em Washington DC e Londres, onde é diretor do Programa de Graduação em Filosofia da Universidade de Londres. A Editora Rocco, além de As Consolações da Filosofia, publicou Ensaios de amor, Como Proust pode mudar sua vida, O movimento romântico e Nos mínimos detalhes.