sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Sua resposta vale um bilhão

Terminei ontem Sua resposta vale um bilhão, de Vikas Swarup (Companhia das Letras, 2006), que foi transformado em filme ganhador de vários Oscars. É a história de um garçom indiano de 18 anos que ganhou um bilhão de rúpias num concurso de perguntas e respostas da televisão. Os organizadores não têm dinheiro pra pagar o prêmio e querem desmarcará-lo por fraude. Ele é preso e começa a ser torturado na delegacia de polícia, mas encontra uma oportunidade de se safar.

A estrutura da narrativa é parecida com o de As mil e uma noites: o garçom começa a contar sua história pra advogada de defesa e vai explicando, uma a uma, como aprendeu as respostas pra todas as perguntas. Não chega a ser um livro extraordinário como O Deus das pequenas coisas, de Arundathi Roy (que em 1977 ganhou o Booker Prize, o mais importante prêmio literário de língua inglesa), mas é bem escrito. Mostra os contrastes terríveis entre riqueza e miséria na Índia, uma imagem bem mais real que a do país mitificado por tanta gente.

As aventuras de Ram Mohammad Thomas, que cresceu numa favela de Mumbai, prendem a gente da primeira à última página. Pelo caminho vamos conhecendo personagens incríveis, como o coronel australiano que é diplomata e espião; uma atriz de cinema aposentada vivendo das lembranças passado; um gângster que explora crianças pra mendigarem nos trens; um velho soldado e suas lembranças de guerra; um bêbado cheio de remorsos pelo que fez ao irmão; um padre inglês que tem um segredo; um rapaz gentil com problemas de fala...

Gostei bastante e devorei em três dias, pulando outros livros que estavam na fila.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Eclipse :)


Aaah, posso postar depois de um mês que li o livro, não posso?
Para quem se apaixonou em Crepúsculo e depois se decepcionou com Lua Nova...

...Seus problemas A-Ca-Ba-Ram!!
Chegou o Eclipse! A salvaçããão! sinceramente, bem mais legal..
Neste livro, Bella conhece mais a tribo de seu melhor amigo (Jacob), novas coisas acontecem e a história aaanda.. anda mais do que no livro Lua Nova.. Sem Duvidas!!

Para leitores de Floripa, entre em contato com a mila, ela tem
ee leitores de Rolim, falar comigo, eu tenho!

Lado esquerdo

Lembram desse? Um dos últimos desenhos que fiz, acho que usando o lado esquerdo, só que não do cérebro e sim do peito, naqueles dias de espera e esperança em Cáceres.
Ontem 25/02 seria seu aniversário... eita saudade.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

A política do rebelde

Mais uma resenha do fundo do baú:

A política do rebelde - tratado de resistência e insubmissão

(Michel Onfray)

A veia anarquista que originou A política do rebelde lhe surgiu na infância, conta o filósofo francês Michel Onfray. Sua experiência de humilhações em um colégio interno e, na adolescência, o trabalho insalubre numa fábrica de queijos forjaram-lhe um visceral espírito libertário: "A autoridade me é insuportável, a dependência, intolerável, a submissão, impossível", deixa claro no início do livro. Seu texto celebra a busca do prazer como filosofia de combate. Uma filosofia pela plenitude da vida, contrária à armadilha do ascetismo e atenta ao fato de que tudo irá desaparecer.

Onfray constrói os argumentos num diálogo permanente com outros pensadores insubmissos: Nietzsche, Proudhon, Thoureau, Bataille, Foucault, Deleuze, Blanquis. Das obras de Primo Levi, Amery e Antelme sobre o horror nazista, o autor resgata uma constatação crua: não existe diferença de natureza entre os campos de concentração e as "catedrais de dor" administradas pelo capitalismo – indústrias, empresas, prisões, hospitais psiquiátricos. Em graus diversos, há o mesmo desprezo pelo indivíduo.

É em defesa de um individualismo autônomo, solidário, que Onfray elabora sua política hedonista, libertina e libertária. Adepto da retomada dos ideais de maio de 68, ele advoga um "reencantamento do mundo". Para que isso ocorra, crê que é fundamental submeter o econômico ao político, mas também colocar o político a serviço da ética. Sua proposição destaca a cultura crítica, a cólera como dinâmica e o ódio à "moral do sofrimento", que faz do trabalho um valor absoluto e falsamente emancipatório.

Um dos pontos tocantes da obra é o capítulo Cartografia infernal da miséria, em que Onfray revela compaixão pelos despossuídos. Ele toma emprestado referências de Leviatã de Thomas Hobbes e da Divina comédia de Dante para traçar um mapa do inferno contemporâneo, dividido em três círculos de fronteiras tênues. O mais periférico é o dos malditos – indigentes que nada têm além de si próprios. Em seguida vem o círculo dos reprovados – velhos, loucos, doentes, delinqüentes, imigrantes clandestinos. E por fim o dos explorados - espoliados nos locais de trabalho, dentro da legalidade da sua existência.

Como pulverizar a autoridade e destruir o conformismo? O autor reconhece que a ação individual isolada tem eficiência limitada, pois "leva sistematicamente para a boca do lobo". Ele aposta na associação de forças individuais de rebeldia, armadas de pensamento crítico para fazer suas barricadas metafóricas contra os donos do poder. "Mesmo que a probabilidade de uma vitória geral seja nula e impensável", admite. Concorde-se ou não com as idéias do filósofo, ler as provocações de A política do rebelde é como receber um sopro de ar fresco. Impossível ficar indiferente.

Publicado originalmente em 2001 no web site da Editora Rocco.

Desenho no Leiturama?


Semana passada, depois de um tempão de promessas, eu e a tia Laura, começamos nosso curso de desenho. 'Desenhe com o lado direito do cérebro'. Inicialmente a intenção era virarmos uns 'bichos' no desenho, só que ampliamos nossa visão, e agora queremos virar uns 'monstros', já que gostamos tanto a ponto de querer estender o intensivão de desenho. Na primeira aula nós fizemos nossos autos-retratos, o meu ficou uma bela porcaria (tudo bem, vou tentar ser menos auto-crítica) mas o da tia eu gostei mesmo achando que ela está com cara de Alanis Morissette. Umas horas nós nos perguntavamos: Será mesmo que temos lado direito? Vai que a gente nasceu sem né!
Mas acho que tudo realmente é possivel de se aprender, mas claro, nenhum artista se forma sem pratica. Falta mais 3 aulas, espero que cumpra nossas espectativas 'monstruosas'. Que que vocês acham?
Ah, a imagem do ladinho eu fiz de uma foto da Mandú, parei no orkut dela, aí do nada peguei a prancheta e comecei a copiar, com a borracha do lado é claro... mas, saiu! Eu gostei dele, por que até semana passada seria 'quase' impossível.

Bruce Lee

Até semana passada, nunca tinha visto nenhum filme do Bruce Lee. Não sabia nada sobre a sua obra. Mas sempre tive curiosidade a respeito deste grande mestre das artes marciais. Pois em janeiro li a biografia Bruce Lee – Definitivo.

É bem interessante. O livro se parece mais com uma revista – muitas fotos e texto bem fluido. Apresenta os diferentes momentos da vida de Bruce Lee, desde o seu nascimento nos Estados Unidos, sua infância em Hong Kong, suas decepções e conquistas no cinema até a sua morte precoce, quando tinha apenas 32 anos. Aí vão alguns fatos interessantes:

- Bruce Lee foi uma criança baderneira, tanto que tocou fogo na despensa de sua casa – nessa época ganhou o apelido de Pequeno Dragão.
- Na adolescência, formou gangues para brigar – e apanhar muito – nas ruas de Hong Kong.
- Foi nas aulas de artes marciais que ele aprendeu a neutralizar a energia e força do oponente.
- Aos 14 anos era um exímio dançarino de cha-cha-cha – tanto que venceu um concurso nacional.
- Aos 18 anos, mudou-se para os EUA, levando apenas 115 dólares no bolso.
- Nos EUA estudou filosofia, montou uma academia de kung fu, teve alunos como Steve McQueen, Lee Marvin, Roman Polanski e Chuck Norris.
- Até hoje sua obra serve como fonte de inspiração para cineastas como Quentin Tarantino (que lhe presta uma homenagem nos filmes Kill Bill).

Gostei de ler este livro. Agora, estou começando a conhecer os filmes do Bruce Lee e aprendendo a admirar a beleza das artes marciais.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

As consolações da filosofia

Escrevi este texto em 2001 quando fazia frilas para a Rocco no Rio de Janeiro. É uma resenha que acompanha o livro distribuído pela editora à imprensa. Adorei.

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As consolações da filosofia

Este livro de Alain de Botton sugere que a filosofia pode oferecer consolação para muitas mazelas humanas. A partir das idéias de seis filósofos - Sócrates, Epicuro, Sêneca, Montaigne, Schopenhauer e Nietzsche - ele apresenta exemplos de consolação para a impopularidade, não ter dinheiro suficiente, frustração, inadequação, coração partido e dificuldades.

O estilo é bem-humorado, às vezes confessional, com capítulos curtos e muitas ilustrações. Ao combinar uma introdução à filosofia com uma paródia de manual de auto-ajuda, o autor garante momentos de leitura instrutiva e divertida. Em Consolação para a impopularidade, a vida e a morte de Sócrates são apresentadas como um convite ao ceticismo inteligente. O método socrático de raciocínio coloca à prova o senso comum e estimula o desenvolvimento de opiniões autônomas. Sob determinadas circunstâncias, advogava o filósofo grego, é preciso ter força para não levar a sério as opiniões alheias.

Epicuro e sua filosofia da busca de felicidade pelo prazer são um alento para quem tem pouco dinheiro. Segundo o epicurismo, a felicidade é relativamente independente dos bens materiais. Os ingredientes essenciais para uma vida agradável são a amizade, a liberdade e a reflexão serena sobre as principais fontes de ansiedade - morte, doença, fome, superstição.

Consolação para a frustração aborda a vida de Sêneca, cuja obra é permeada por uma única tese: a de que suportamos melhor as frustrações para as quais nos preparamos e somos atingidos principalmente por aquelas que menos esperamos. O filósofo romano propôs que se tenha sempre em mente a possibilidade de uma tragédia e que não se deve surpreender com nada: "O que não pode ser modificado precisa ser suportado".

As idéias de Michel de Montaigne servem de conforto para quem sente inadequação sexual, cultural ou intelectual. O escritor francês alimentava reservas quanto à erudição livresca, questionava a racionalidade humana e defendia o diálogo franco sobre as atividades genitais. Em Ensaios, comentou o comportamento de seu pênis e intestinos, considerados partes essenciais de sua identidade. Montaigne passou dezessete meses percorrendo a Europa a cavalo, o que o ajudou a comparar diferentes conceitos de normalidade. O leitor é convidado por ele a substituir os preconceitos locais pela identidade de cidadão do mundo.

As atribulações amorosas são tratadas em Consolação para um coração partido a partir dos escritos de Schopenhauer. O filósofo alemão afirmava que os atos humanos são governados pela "vontade de viver", um impulso inerente a permanecer vivo e reproduzir. O amor nada mais seria que a manifestação da descoberta do pai ou mãe ideal para uma prole inteligente e bonita. Assim, o consolo para a rejeição amorosa é saber que esta foi conseqüência de uma lei da natureza.

Consolação para as dificuldades resgata as idéias de Friedrich Nietzsche, para quem é impossível atingir uma vida plena sem passar por grandes períodos de dificuldade. Nietzsche utilizava uma analogia com a jardinagem para ressaltar a importância da valorização dos elementos negativos da vida humana: "Se fôssemos ao menos terrenos férteis, não permitiríamos que nada se tornasse inútil e veríamos em cada acontecimento, em cada coisa e em cada homem um adubo bem-vindo".

Alain de Botton nasceu na Suíça e se formou em filosofia na Universidade de Cambridge, na Inglaterra. Seu romance de estréia, Ensaios de amor, foi escrito aos 21 anos e suas obras foram traduzidas para vinte línguas. Atualmente vive em Washington DC e Londres, onde é diretor do Programa de Graduação em Filosofia da Universidade de Londres. A Editora Rocco, além de As Consolações da Filosofia, publicou Ensaios de amor, Como Proust pode mudar sua vida, O movimento romântico e Nos mínimos detalhes.

A cura de Schopenhauer


Como em 'Quando Nietzsche chorou' Irvin D. Yalom nesse livro escreve sobre psicanálise e filosofia, mas de uma forma diferente do primeiro.

Boa parte da estória se passa numa terapia de grupo, para leiga que sou em psicanálise, consegui ter uma noção e achei muito legal. Legal também é que a reecarnação do século XXI de Schopenhauer participa do grupo de terapia, ahhh... captou a mensagem do título do livro?

Como não poderia deixar de ser com um grupo de seres humanos abrindo seus corações, muitos dramas pessoais são explorados, inclusive o problema de lidar com a morte, pois o própio terapeuta precisa lidar com a notícia que está com cancer é tem somente mais um ano de vida.

O livro intercalada em seus capítulos a biografia de Schopenhauer, que achei muito bem escrita. Ao terminar esse livro, li outras duas biografias de Schopenhauer e essa foi de longe a melhor.

Essas biografias me fizeram descobrir que ele gostava de Platão e Kant, então li um pequeno livro de Platão, mas isso é assunto para o próximo post.

Beijo a todos!

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Lendo: Rubem Braga, um cigano fazendeiro do ar

Passei um tempo sem escrever aqui porque tou lendo um livro bem grossão: Rubem Braga, um cigano fazendeiro do ar, do jornalista e escritor Marco Antonio de Carvalho. É a biografia de um dos maiores escritores brasileiros, que ficou conhecido por suas crônicas cheias de lirismo e humor. Adoro o jeito como o Braga escrevia e não me envergonho de dizer que, quando era adolescente, eu tentava copiar esse estilo. Agora estou conhecendo mais sobre sua movimentada vida. Já conheci passagens de sua infância em Cachoeiro do Itapemirim, no Espírito Santo, onde ele brincava de futebol na rua, guerrinha de bolas de lama e outras traquinagens. No começo do livro também ficamos sabendo de detalhes da viagem dele à Itália como correspondente de um jornal na Segunda Guerra Mundial. Depois conto mais.
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Ana, já me inscrevi naquele site de idiomas que você indicou. Essa semana mesmo eu comentava com a Laura que seria legal a gente voltar a praticar inglês. Teve uma época em que a gente hospedava muitos mochileiros europeus em casa e também viajava mais, o que era ótimo pra praticar. Mas se a gente não usa a língua ela vai enferrujando. Vou testar a sua dica. Alguém aí conhece alguma comunidade pra praticar idiomas via skype?

Yappr

Fugindo um pouco do assunto livros, gostaria de compartilhar com vocês um site legal que descobri hoje, para quem gosta de estudar inglês como eu ou para quem quer apenas praticar. É o Yappr, uma comunidade aonde se compartilham vídeos com legendas e traduções, além da opção de ouvir o mesmo texto narrado de forma clara. O site é uma criação de Patrick Nee baseado em sua experiência ao aprender japonês. Vivendo no Japão ele descobriu que assistindo TV com o passar do tempo ele conseguia entender com mais facilidade associar e aprender novas palavras, de modo divertido. A partir daí ele percebeu que poderia ajudar as pessoas que estudam Inglês.
No blog “English for all” da Professora paulista Vanessa Prata, tem uma entrevista (em inglês)
com o Patrick Nee. Aliás este blog também é cheio de links, textos, testes e dicas interessantes para quem estuda outros idiomas.
O Yappr é feito de forma comunitária, aonde os usuários postam seus vídeos, transcrevem, traduzem e corrigem os conteúdos. As ferramentas são bem legais e fáceis de utilizar, os vídeos podem ser “buscados”por diversas categorias, assim como por nível de dificuldade. E não é só isso!!! O Yappr tem jogos e chat para você praticar a escrita com usuários do mundo todo.

Ah e o que é legal: é de graça!

Eu gostei muito do Yappr! Dá uma passada lá, depois me conta!

E as leituras como andam? Ainda estou no meio de “Os Eleitos”, preciso ler mais :D

blogs relacionados:

Yappr

Yappr's Funny