domingo, 24 de maio de 2009
Lido & Leno: Single&Single e Bartleby e companhia
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Comecei a ler Bartleby e companhia, de Enrique Vila-Matas. É sobre a impossibilidade de escrever, com muitas histórias curiosas sobre pessoas que escreveram um ou dois livros - ou nenhum, apesar da vontade ou vocação - e se afastaram pra sempre da literatura. Melville, Rimbaud, Salinger, Rulfo e muitos outros. Depois escrevo sobre o livro... se conseguir.
sexta-feira, 22 de maio de 2009
Os direitos inalienáveis do leitor
1 - O direito de não ler
Não li Ulysses nem O monge o e executivo. Nem a maioria dos livros escritos pela humanidade, aliás. Minhas Mil e uma noites não chegam a um trimestre.
2 - O direito de saltar páginas
Gosto de abrir um livro novo pelo meio e bisuiar umas linhas antes de começar pelo começo. Amei Rayuela, do maluco do Cortázar.
3 - O direito de não acabar um livro
Pode me xingar, mas parei no primeiro capítulo de Os Sertões, de Euclides da Cunha. Dizem que a partir do segundo a coisa engrena.
4 - O direito de reler
Releituras recentes: Os vagabundos iluminados (Kerouac), Sagarana (Guimarães Rosa), Cai o pano (Agatha Christie).
5 - O direito de ler não importa o quê
Bula de remédio, rótulo de caixas de sucrilhos, Tex, pulp fiction...
6 - O direito de amar os "heróis" dos romances
Larry de O fio da navalha (Somerset Maughan); Bandini, de Pergunte ao pó (John Fante); Tarzan, de E. R. Burroughs; Huckleberry Finn, de Mark Twain.
7 - O direito de ler não importa onde
No ônibus; na praia; comendo (se tou sozinho) e descomendo. Meu lugar preferido é a rede embaixo das árvores. E um dos mais desconfortáveis é a tela do computador.
8 - O direito de saltar de livro em livro
8b: e o direito de espalhar livros não lidos pela casa toda, pra esbarrar neles por acaso.
9 - O direito de ler em voz alta
Pros meninos antes de dormir. Monteiro Lobato em voz alta é uma delícia. Imito as vozes de Emília, do Visconde, de Pedrinho, de Dona Benta...
10-O direito de não falar do que se leu.
Comentar livro erótico é que nem sair contando como foi a transa.
quinta-feira, 21 de maio de 2009
Bartleby e companhia - Enrique Vila-Matas

Quem nunca se viu paralisado diante de uma folha em branco? Pois é este o assunto de Bartleby e companhia, do escritor espanhol Enrique Vila-Matas. O autor compõe um inventário de escritores que, por alguma razão, um dia se afastaram da literatura. Escritores que um dia publicaram livros muito bem sucedidos e depois nunca mais escreveram nada. Ou escritores que passaram longos períodos em silêncio. Ou aqueles que, mesmo com uma consciência literária exigente, nunca chegaram a escrever. É a chamada Síndrome de Bartleby, ou labirinto do Não.
O livro é narrado por um personagem que também sofre desse problema. E para combatê-lo, começa a pesquisar esses casos, formando uma coleção de notas de rodapé de um livro inexistente.
Aí entram os casos de Juan Rulfo, Salinger, Rimbaud, Herman Melville, Marcel Duschamp e muitos outros, personagens reais ou inventados. Um dos mais divertidos é Paranóico Pérez, que nunca escreveu um livro por sempre acreditar que suas idéias eram roubadas por José Saramago.
Recomendo muito este livro, pelo tema interessante e pela forma fragmentada, intercalando casos curiosos com análises mais densas. Peguei emprestado na Barca dos Livros e amanhã já deve estar de volta por lá.
quinta-feira, 14 de maio de 2009
Retrato do artista quando jovem - James Joyce

Mês passado li Retrato do artista quando jovem, primeiro romance do escritor irlandês James Joyce, publicado em 1916.
Mostra a infância, adolescência e juventude de Stephen Dedalus, alter-ego do autor. O interessante do livro é mostrar este crescimento através da evolução na linguagem do personagem, que no começo é mais simples e vai ganhando complexidade conforme ele vai crescendo.
Mas o tempo todo são retratados temas complexos, como a separação da família ainda criança para viver num colégio interno, a convivência com colegas e padres, a percepção das diferenças sociais e da instabilidade econômica da sua famíilia. Em uma boa parte do livro o autor expõe seu ponto de vista sobre os dogmas da igreja católica (ele foi convidado a entrar para o sacerdócio), a descoberta do sexo e da noção de culpa e pecado, as limitações da vida na Irlanda e suas teorias sobre estética.
Stephen Dedalus aparece novamente em outra obra de James Joyce, o grande romance Ulisses. Bom, este foi um resumo rápido. Para uma resenha mais completa e aprofundada, recomendo esta aqui.
terça-feira, 12 de maio de 2009
Noites Tropicais

Pelas páginas do livro surgem histórias dos bastidores dos festivais de música, gravações de discos e programas de tevê, sexo e drogas, o reflexo cotidiano das oscilações da política e da economia, altos e baixos de artistas que nos acostumamos a ouvir nas rádios esses anos todos. Nelson Motta foi observador participante de uma fase riquíssima da música brasileira, que influenciou fortemente a música americana e de outros países. Ele conta isso tudo de maneira simples e engraçada, como uma conversa informal.
Até hoje numa ouvi um audio-book, mas tenho certeza que este é o livro ideal (e já tem audiobook pra curtir a experiência sinestésica de acompanhar essas histórias ouvindo as músicas que ele cita. Noites Tropicais é uma viagem no tempo: muitas dessas músicas foram trilhas sonoras da minha infância, adolescência e início da vida de adulto. Alguns trechos que pesquei no site da Objetiva:
CHICO
"Algum tempo depois o amigo paulista de Edu apareceu, tímido e simpático, numa roda de violão na praia. Pediu o violão para mostrar umas coisinhas. Tocou algumas músicas e as meninas estavam adorando. Mas quando ele disse que teria uma música sua gravada pela Claudete Soares achei que era pura cascata (ou "bafo" como se dizia na época). Imaginem se a grande Claudete Soares iria gravar a marchinha de um inédito. E paulista! Ele cantou "Marcha de uma Manhã de Sol" e assim que terminou, pedi licença e tomei-lhe o violão - que era meu - e comecei meu showzinho.
Foi assim que conheci Chico Buarque."
ATRÁS DA PORTA"Extravasando seus sentimentos, misturando as dores da separação com as esperanças de um novo amor, Elis cantou, mesmo sem a segunda parte da letra, com extraordinária emoção, com a voz tremendo e intensa musicalidade. Na técnica, quando ela terminou, estavam todos mudos. Elis chorava abraçada por César. Juntos, César e Menescal foram levar a fita para Chico, que ouviu, chorou, e terminou a letra ali mesmo, no ato."
PASSEATA"Na passeata dos cem mil Chico e eu éramos do mesmo grupo, com Jards Macalé, Edu Lobo, Zé Rodrix, Mauricio Maestro e outros, e nosso ponto de encontro era na escadaria da Biblioteca Nacional, na Cinelândia. Chegamos quase juntos, olhando para os lados, disfarçando, dando bandeira. Como ainda faltava bastante tempo para a hora marcada para a passeata decidiu-se por unanimidade ir ao Bar Luiz, na Rua da Carioca, tomar um chope para aliviar a tensão. Voltamos a tempo ao ponto, mas mais tensos ainda: eu tinha medo de apanhar da polícia, de levar um tiro, de ser preso, e não ousava imaginar que íamos viver um dia de glória."
terça-feira, 5 de maio de 2009

Depois de um tempão, estou postando denovo! Dessa vez li um dos livros da literatura cararinense solicitados pela UFSC: A Vitrina de Luzbel - A. Sanford de Vasconcellos. Gostei do livro, intrigante de leitura rápida. Um romance policial curto que conta a história de Lupércio, Babão, suas malandragens e mulecagens que logo depois implicaram em um suposto envolvimento no caso do assassinato de duas moças. E aí que a historia fica interessante! Em todo caso, o livro é legal porém muito simples, bem 'água com açucar'. NOTA: 6.